Escrevo estas linhas ainda a tentar controlar a emoção que nos sobrevem nestes momentos, pouco antes de celebrar a primeira Eucaristia “em comunhão com o nosso Papa Leão”.
Esta hora recorda-nos o dom extraordinário do Baptismo, que nos fez filhos de Deus e membros da Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica a quem agora o Papa Leão XIV preside e governa. Bem dizia o M.-D. Chenu que “nascer dentro da tradição da Igreja é ser rico à nascença”. É fazer parte do único povo de Deus no qual Leão sucede a Francisco, que sucedeu a Bento, que sucedeu a João Paulo II..., e assim de forma ascendente até ao apóstolo São Pedro, servo de Jesus Cristo. É sermos ramos da única árvore cujas raízes brotam do jardim de Deus e cuja seiva é a Eucaristia. Somos membros pequeninos de um povo grande, porque serve, ama e segue o Senhor Jesus, onde cabem todos e onde as nacionalidades não são um risco ou um perigo, mas uma oportunidade. Somos cristãos, porque procedemos de Cristo. E Leão, citando as palavras de santo Agostinho, disse-nos que “convosco sou cristão, para vós sou bispo”.
Não conheço nem consigo fazer uma partilha apropriada sobre as palavras e a figura do Papa Leão. Mas comove-me que tenha falado em espanhol, dirigindo-se ao povo do Perú, cuja nacionalidade assumiu em 2005, e aos católicos da América Latina e de todo o mundo. Uma amiga mexicana escreveu-me: “já o queremos tanto!”. Comove-me que tenha começado por saudar-nos com a Paz “desarmada e desarmante” de Cristo ressuscitado, que tenha insistido que Deus nos ama a todos incondicionalmente, que tenha exortado à unidade, sinodalidade e espírito missionário da Igreja.
Levou-me às lágrimas e consolou-me que também ele se tivesse comovido, a voz embargada pela emoção, o nariz e a garganta a reagir contra as lágrimas quase a fugir... Um pastor emocionado ao ver as ovelhas do rebanho que o saúdam com afecto! Que boa a sua recordação carinhosa do Papa Francisco! E que força na sua exortação a não termos medo...!
Que bonito receber palavras de estima e felicitações de um presbítero anglicano, um bispo ortodoxo, um pastor reformado, uma ministra metodista, e gestos de amizade de judeus e muçulmanos para quem esta notícia não é indiferente... e todos eles a dizer, quase com as mesmas palavras, que o Papa é para todos um sinal de esperança! Não por acaso esse foi o título da autobiografia de Francisco. Num mundo dividido, onde cada dia (literalmente!) surgem notícias de novos conflitos armados, que reconfortante é que Deus nos ofereça ainda um apóstolo e servo da paz.
Por estes e tantos outros motivos que a misericórdia do Alto nos permitirá descobrir nos próximos tempos, tenho a certeza desde já que o Papa Leão XIV é um “regalo de Dios”.
P. Pablo de Lima, 08.V.2025
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